sábado, 14 de fevereiro de 2015

Barcos e Pescadores em Luto


Barcos e pescadores em luto
Marlei Sigrist
(publicado no site WWW.terrasms.com.br)

Resumo:
O desastre ecológico provocado pela Indústria Cataguazes de Papel no rio Paraíba do Sul, deixou os pescadores, literalmente, a ver navios.

Oito municípios tiveram que conviver com a falta d’água e a expectativa da avaliação definitiva sobre os danos que o acidente provocou. Neste período, estava eu em Grussaí, São João da Barra, no Rio de Janeiro, participando de uma conferência, quando tudo aconteceu.  Pude ver de perto a situação provocada pela indiferença de maus empresários. Peixes mortos, boiando e entupindo as margens do rio e da barra, onde se encontra com o mar.

Mais de quatro mil pescadores, que sustentam quinze mil pessoas com seu trabalho de pesca estão revoltados. Na ocasião, a governadora Rosinha Garotinho esteve lá para ver de perto, assim como Fernando Gabeira para avaliar os danos ecológicos.

A previsão de recuperação da área e repovoamento do rio é de, no mínimo, quatro anos. Enquanto isso, será necessário que, urgentemente, criem-se frentes de trabalho e distribuição de cestas básicas às famílias prejudicadas.

A região, composta por municípios como São João da Barra, Cambuci, São Fidélis, Campos de Goitacazes, e outros, é detentora de ricas manifestações populares, cujos grupos representantes apresentaram-se durante a Conferência da qual eu participava.

Grupos Afros, Folia de Reis, Grupo de Fados, Capoeira, Boi, estavam lá e, brilhantemente, todos conscientes do que viviam naquele momento, não só na região, como o que acontecia no mundo – a guerra. Essa consciência pôde ser constatada nos versos cantados e declamados, como o exemplo do Palhaço da Folia de Reis, que entre outros versos, também declamou: 

Senhores prestem atenção
No que está acontecendo
Da grande poluição
Que este mundo está sofrendo
Eu também já tenho erro
Na minha vida ilusória
Mas o grito do Paraíba
Ficará na nossa história
Nas margens desse rio
Uma fauna já se escassa
Peixe já não se encontra
É difícil achar a caça
Matam peixes e pássaros
Com armas desonestas
Lembrai que peixe é vida
Pássaro é a alma da floresta
Polui as nossas águas
Pra que tanta maldade
Inda supre o oxigênio
Que faz falta à humanidade

Este é um grande exemplo de folkcomunicação, a comunicação popular tão estudada por Luiz Beltrão, na década de 1980.

Um comentário:

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